quarta-feira, 30 de março de 2011

Excesso de informações

Foto: imasters.com.br


Ando meio preocupado comigo. Com meu cérebro, para ser mais exato.

Acho que estou sofrendo uma síndrome chamada "excesso de informação".

Talvez seja apenas impressão, é verdade, mas sinto que meu cérebro já não possui a mesma capacidade para armazenar informações como outrora.

Esse massacre de mensagens carreadas pela mídia, então, chega a ser opressivo. Parece que uma hora ou outra meu cérebro entrará em colapso, assim como a energia brasileira terá um dia caso o crescimento da economia não desacelere.

Nomes, datas, conteúdo aprendido na faculdade, conhecimento profissional, senhas, códigos, rostos, memórias, regras de português, números de telefones, etc. Em suma, muita informação para um simples mortal como eu.

Será que nossos cérebros armazenarão ad eternum tais informações? Espero que sim, pois seria uma pena descartar memórias/conhecimentos importantes.

Hoje em dia, para que você seja considerado um bom profissional ou um cara inteligente, é preciso saber um pouco de tudo e muito de pouco. Ou seja, não mais podemos escolher uma das opções. Complicado...

Se continuarmos nessa ascendente, vai chegar um dia que precisaremos andar com um HD externo junto ao corpo. Nele, poderemos armazenar uma quantidade ilimitada de informações, algo complexo para o cérebro humano.

Se minha previsão se confirmar, espero que a conexão do HD ao corpo não seja feita via entrada USB... (piada de nerd).

Exageros à parte, tenho chegado em casa cada vez mais exausto por conta da quantidade absurda de conhecimento absorvido. Tenho a nítida impressão que colocar a cabeça para funcionar cansa muito mais do que exercício físico.

De qualquer forma, enquanto meu cérebro der conta do recado, vou escrevendo meus textos de forma despretensiosa...

Neste mundo de conhecimento acumulado, meus textos serão uma excelente forma de me lembrar do passado.

Não custa tentar... Certo?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ziguezagueando


Sábado, fui comprar cachorro-quente. Enquanto esperava, vi um homem visivelmente embriagado andar pelo meio da rua “ziguezagueando”.

Fiquei sabendo que ele se comporta daquela maneira dia após dia. Sempre sai no final da tarde em direção a um boteco e, horas depois, volta para casa completamente entorpecido.

Sei que existem várias pessoas em tal condição, mas aquele bêbado em especial me fez refletir.  Fiquei pensando num possível motivo para que alguém se comportasse dessa forma.

Tudo bem que o álcool é um vício, mas acho curioso alguém deixar uma substância controlar sua vida, e não o contrário.

Imagino que aquele homem deva ter muitos problemas. Um amor mal curado ou resquícios de uma infância infeliz... Algo grave deve ter acontecido para que ele se comporte de maneira tão triste.

O pior de tudo isso é que, no dia seguinte, ele deve ter se levantado e voltado ao bar. Se ninguém ajudá-lo (incluindo ele mesmo), repetirá o processo até a falência de um órgão vital. Uma lástima.

Antes que alguém me critique por opinar sobre algo tão grave, gostaria de dizer que essas são apenas minhas impressões. Assim como toda e qualquer pessoa sensata, sei que o alcoolismo é uma doença muito grave.

Deve ser realmente difícil para um alcoólatra sentir-se em paz, sobretudo porque vivemos em uma sociedade que cultua a bebida. Invariavelmente, vai ter sempre alguém lhe oferecendo um drink...

Coloque-se no lugar daquele pobre homem cujo autocontrole não funciona. Deve ser horrível viver em permanente estado de ressaca.

Se um dia cair-lhe sobre o colo um pingo de lucidez, talvez saia dessa condição degradante e desumana.

Torço para que isso aconteça.

sábado, 26 de março de 2011

Nota sobre o livro


Li no site da Editora Baraúna que estão abertas as inscrições para o prêmio Jabuti.

Só podem concorrer ao prêmio livros publicados no período de 01/01/2010 a 31/12/2010.

Estou pensando seriamente em inscrever o Segunda Dose... 

Talvez seja muita pretensão da minha parte pensar que eu tenha alguma chance em meio a tantos escritores incríveis e talentosos, mas acho importante tentar. 

Se eu não acreditar no meu próprio potencial, quem o fará?

Sem falar que nunca mais terei a chance de concorrer a um prêmio tão importante. Se deixar passar esta oportunidade, sei que vou pensar nisso o resto da vida...

Então, seja o que Deus quiser.

Aquele abraço a todos os leitores do blog e àqueles que, de uma forma ou outra, estão me ajudando na divulgação da obra.

Em breve, mais notícias sobre o livro... 

sexta-feira, 25 de março de 2011

Aquela camisa...

Foto: caipirapira.blogspot.com


História Baseada em fatos reais.

Aquele era apenas mais um dia de trabalho para Flávio.

Se estivesse vestindo as mesmas roupas de sempre, talvez passasse despercebido em meio aos colegas.

Ocorre que, naquele dia em especial, ele resolveu ousar no modo de se vestir. E foi aí que tudo começou...

Antes do início do expediente do local onde Flávio trabalhava, Arthur e três colegas jogavam conversa fora na sala de um destes. Conversavam sobre coisas cotidianas. Coisas banais. Até que o inesperado aconteceu.

Flávio, que chegara um pouco atrasado, teve a péssima ideia de escorar-se na porta da sala onde estavam os demais colegas.

Quando colocaram o olho nele, foi um desespero. Todos os quatro, sem exceção, seguraram o riso como somente um monge tibetano o faria.

Paulo, o mais incontido, perguntou ao recém-chegado:

- Vai dançar salsa?

Mal a pergunta ressoou pela sala, todos caíram numa gargalhada infindável. Não havia como segurar o riso diante de tamanha falta de bom senso.

Flávio, no auge da ingenuidade, havia ido trabalhar com uma calça verde musgo, um sapato marrom escuro e uma camisa rosa com mangas longas. Em outras palavras, estava parecendo um dançarino de salsa.

Não bastasse isso, quando Flávio se virou, perceberam que nas costas da camisa havia um enorme dragão vermelho todo rodeado por lantejoulas ou algum material parecido... Um disparate em forma de pano.

Aquilo foi o bastante para que os colegas pegassem em seu pé pelo resto do dia/semana. Era só vê-lo nos corredores para que começassem a cantar músicas do Sidney Magal e algumas outras tantas em espanhol. Hilário. Simples assim.

Desafiado a ir trabalhar outro dia com a mesma vestimenta, Flávio (corajoso que só) caiu na besteira de voltar na semana seguinte com a mesma camisa. Queria mostrar para todos que suas vestes não tinham nada demais.

Ocorre que as gargalhadas continuaram incessantes, o suficiente para que nunca mais aparecesse em seu trabalho com o famigerado dragão vermelho de lantejoulas sobre as costas.

Sempre que esta história é contada para os novos colegas, estes (além de rirem muito) dizem que gostariam de ter presenciado a cena. Acham difícil de acreditar que Flávio - um cara aparentemente sóbrio - vestiria-se de maneira tão heterodoxa.

Depois daquele segundo episódio, Flávio nunca mais apareceu na repartição com as mesmas roupas. Alega que a camisa não lhe serve mais, já que teria supostamente engordado.

Os colegas que presenciaram a cena, no entanto, não acreditam na versão do amigo. No fundo, imaginam que ele ainda deva se vestir daquela forma vez ou outra, em algum lugar bem longe dali.

Outros, mais radicais, acreditam que ele engordou propositalmente, porquanto esta seja a única forma de não usar a fatídica camisa e ainda bater no peito dizendo que só não usa porque não serve...

De qualquer forma, Flávio deve ter aprendido algo importante naquelas duas tardes de ousadia: Dragão vermelho com lantejoulas nunca mais!

Nunca mais...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Chimarrão a dois...

Foto: naneartesanatos.blogspot.com


Quando eu tinha 15 anos (em 1997), ainda morava em Porto Alegre.

Estudava no Colégio Dom Bosco, no período matutino. Assim, precisava acordar cedo para pegar o ônibus e me deslocar até o bairro Higienópolis todo santo dia. Para um adolescente, um verdadeiro martírio.

Após descer do ônibus, precisava caminhar mais uns 500 metros. Mesmo preocupado com assaltos e com as notas baixas, acabei percebendo algo diferente no trajeto até o colégio. Algo que me chamou a atenção.  

Todos os dias, invariavelmente, via em determinado apartamento um casal de idosos tomando chimarrão na sacada. Com um sorriso estampado no rosto, pareciam deliciar-se com a situação.

Não importava a temperatura ou as condições climáticas. O casal sempre estava lá naquela fria sacada... Sempre!

Se não me engano, eles até cumprimentavam os jovens estudantes que, assim como eu, detestavam estar ali naquela altura da manhã.

Lembro que olhava para eles com raiva. Por que não dormem até mais tarde?, perguntava-me em pensamento todos os dias ao vê-los sentados junto à sacada.

Naquela época, era difícil para mim enxergar a vida com a mesma visão de hoje. Jamais entenderia os motivos que levavam aquele casal a agir de tal maneira.

Hoje, no entanto, consigo enxergar as coisas sob outro prisma.

Percebo que o aquele casal nada mais fazia do que aproveitar a vida. Eles devem saber melhor do que eu o quão ela passa depressa.

Como disse outro dia (clique aqui para ler o texto), cheguei à conclusão que quanto mais dormimos, mais desperdiçamos nossas vidas.

Talvez não seja este o verdadeiro motivo que os faz levantar cedo, mas parece-me bastante razoável para alguém cuja expectativa de vida vai diminuindo a cada dia.

Ao sentarem-se junto à sacada, estavam apenas vivendo. Usufruindo o descanso merecido de uma vida inteira de luta. Ou não.

Se eu não morasse tão longe (aproximadamente 326 Km), talvez me deslocasse até lá para ver se ainda cumprem o mesmo ritual de outrora.

Seria o máximo revê-los sentados na sacada com aquela cuia em mãos...

Mas será que ainda estão vivos? Ou casados?

Ainda naquela época, prometi a mim mesmo que um dia faria o mesmo.

Vingança? Talvez...

De qualquer forma, será um prazer descobrir o porquê daquele comportamento surreal...

Se tudo der certo, um dia eu chego lá... 

terça-feira, 22 de março de 2011

Outono...

Foto: rodolfopamplonafilho.blogspot.com

Começou o outono...

E com ele, esse friozinho gostoso.

O calor é bom, mas nem mesmo os entusiastas do verão podem negar que estamos em uma estação muito charmosa. Uma estação elegante...

Mais do que folhas no chão e paisagens acinzentadas, o outono muda nosso comportamento. Mostra-se uma verdadeira transição para a hibernação coletiva provocada pelo inverno.

Acho curioso este silêncio que vai tomando conta da rua... Tudo parece mais misterioso, mais interessante.

As cervejas já não parecem mais tão apetitosas quanto uma boa garrafa de vinho seco...

Até mesmo dormir passa a ser uma tarefa mais fácil, mais agradável.

Há quem prefira outras estações, mas acho que não se trata de preferência. Trata-se de viver o presente, de aproveitar cada estação e suas respectivas particularidades...

Agora, é o charmoso outono. Amanhã, o saudoso inverno.

E assim vamos vivendo uma estação após a outra...

Sugiro aproveitarmos esta enquanto ela ainda existe... Um dia a natureza não mais nos permitirá vivenciar as entressafras de frio e calor dos dias de hoje...

Enfim, um bom outono a todos...

domingo, 20 de março de 2011

A (in) fidelidade de Jason...

Jason era um infiel. Mais um neste mundo repleto de pseudo-monogâmicos.

Morava com clara - sua namorada - na zona sul da limpa e organizada cidade de Curitiba.

Naquele tempo, Jason tinha duas grandes paixões na vida: Mulheres e pizza.

Mas não era qualquer pizza que o satisfazia, tinha que ser a pizza da Clara. A receita que esta havia aprendido com sua avó era um estouro de tão boa. 

No quesito mulheres, julgava-se um "matador", assim como o personagem do filme sexta-feira 13. 

Costumava se gabar para os amigos dizendo que era muito bom nesse lance de traição.

Já fazia algum tempo que se envolvia clandestinamente com outras garotas. Casos ligeiramente passageiros.

Quarta à noite, enquanto aguardava a pizza de cinco queijos tão sonhada, ouviu sua namorada gritar da cozinha:

- J-A-S-O-N!

Clara havia dado um grito quase rouco. Foi o suficiente para que sentisse seu coração palpitar.

Verdade que estava acostumado a preocupar-se com os chamados de sua namorada, porquanto "ser preocupado" é uma característica bastante razoável para alguém acostumado a trair.

Ainda no corredor que dava acesso à cozinha, sentiu que havia algo errado no ar. Percebeu-se tenso. 

- Será que ela descobriu meu caso com a Rafa? - indagou-se em pensamento. 

Ficou realmente preocupado com as possibilidades nada favoráveis. Afinal, esta era a quarta amante que tinha naquele ano. Mais uma para sua coleção de casos proibidos.

Então, pôs-se a pensar em uma desculpa capaz de justificar sua infidelidade. Sabia que precisava caprichar, sob pena de ser despejado do próprio apartamento.

Enfim, com cara de cachorro que caiu da mudança, entrou na cozinha visivelmente nervoso.

Clara começou a falar:

- Jason... Eu... 

- Não precisa dizer nada, Clara - interrompeu-lhe o namorado. - Sei que tudo isso deve ser muito humilhante para você... 

A namorada não havia entendido aonde Jason queria chegar. Na dúvida, calou-se.

- Perdoe-me, por favor! Ela não significa nada para mim. Absolutamente nada!

- Como assim? - perguntou Clara.

- Você é a mulher que amo. Apenas você significa algo de verdade... Entende o que estou querendo dizer?

Clara enrubesceu como um foguete soviético. Sua raiva era tamanha que chegou a cogitar a hipótese de dar uma facada em seu namorado. Matar um cara chamado Jason com uma facada era no mínimo irônico.

Então, após alguns segundos de silêncio, gritou a plenos pulmões:

- EU LHE CHAMEI AQUI APENAS PARA CORTAR O QUEIJO, SEU IDIOTA! QUAL É O SEU PROBLEMA?

- Você não sabia do meu caso com a Rafa?

- Claro que não, imbecil! Precisava ter me contado? Agora vou terminar com você... Pegue suas coisas e suma desta casa o mais rápido possível, antes que eu faça uma besteira...

- Então não vai mais ter pizza? - tornou a perguntar o namorado.

Enfurecida com o último questionamento de Jason, Clara o expulsou de casa com a faca em punhos. Não pretendia mais vê-lo em sua frente enquanto fosse viva.

No decorrer das semanas, no entanto, os ânimos arrefeceram um bocado. E de tanto insistir, Jason conseguiu voltar para o lar. De joelhos perante a bíblia, jurou para Clara que jamais lhe trairia novamente. Jamais!

Jason julgava possível viver na fidelidade. Afinal, alguns dos seus amigos viviam assim há bastante tempo. Haveria de dar certo... 

Mas sem a pizza da Clara, sabia que seria difícil! Quase impossível...

sexta-feira, 18 de março de 2011

A chefe e o estagiário


Márcio tinha uma queda por sua chefe. Queda não, um abismo. Um desejo sexual exacerbadamente forte e enlouquecedor.

Fazia quatro meses que trabalhavam lado a lado em um escritório de advocacia situado na zona oeste do Rio de Janeiro. 

Ela, no auge dos seus 33 anos, era a advogada chefe e fundadora do escritório que mantinha com outras duas sócias. Ele, com 22, era um simples e mortal estagiário contratado para ajudá-la no que preciso fosse.

Márcio fazia o tipo boa pinta. Costumava agradar o público feminino sem precisar fazer muito esforço. Um conquistador nato.

Confiante que era, acredita que sua chefe o desejava. Não tinha toda aquela convicção, era verdade, mas achava que ela emitia claros sinais nesse sentido.

Numa terça-feira chuvosa, bastante parecida com todas as outras daquele verão carioca, ele e sua chefe precisaram ficar sozinhos no escritório até mais tarde.

Naquela noite em especial, Fátima - sua chefe - trajava uma roupa deveras sensual. Uma roupa ousada demais para uma advogada criminalista, pensou ele.

Desde que começara a estagiar ali, jamais havia visto sua chefe com vestes tão pecaminosas, tão sensuais. Ela parecia mais um pecado com pernas. E que pernas...

Fátima não era uma mulher qualquer, mas sim uma semi-deusa travestida de defensora da lei. Uma concorrente desleal quando o assunto era beleza e charme.

Quando ela trazia o código penal consigo, então, parecia ainda mais irresistível aos olhos do seu subordinado. Era do costume de Márcio alimentar fantasias com sua chefe e o compêndio de leis criminais que vivia carregando.

Não fazia o tipo menininha. Fazia, pelo contrário, o tipo Mulherão, com "M" maiúsculo e tudo.

Márcio sentia o suor escorrer em suas costas a cada cruzar de pernas de sua chefe. Era doloroso demais vê-la e não poder tocá-la. Doloroso demais...

Estavam sozinhos no escritório. Precisavam terminar as alegações finais de um processo criminal de um cliente famoso. Um traficante graúdo.

Após mais de vinte quatro laudas, terminaram enfim a longa petição que os mantinha no escritório até aquela hora.

Quando Márcio, o estagiário, fez menção de levantar-se, foi sumariamente interrompido por Fátima. Esta, sem a menor cerimônia, colocou a mão sobre a coxa de seu subordinado e a apertou de leve.

Em seguida, olhou para Márcio e disse a frase mais clichê possível em um momento como aquele:

- Está quente hoje, não?

Márcio sentiu um arrepio ganhar-lhe o corpo. Não sabia o que havia acontecido para que sua chefe se comportasse daquela maneira. Enrubesceu instantaneamente.

Então, boquiaberto com o que acabara de ouvir, pensou que deveria tomar uma atitude. Mostrar do que era feito.

Num rompante sem precedentes na história da humanidade, deu um pulo da cadeira e pegou o paletó que se encontrava esticado sobre o sofá. Tudo sob o olhar atento e pecaminoso de Fátima, que se encontrava quase deitada na cadeira e com o dedo esquerdo na boca.

Em seguida, disse para sua chefe com uma firmeza duvidável:

- Venha, vamos tomar um chopp! Hoje está muito quente mesmo!

Fátima ficou estupefata com o convite de Márcio. Disse baixinho para si mesma:

- Não fazem mais estagiários como antigamente...

- O que você disse? – questionou-lhe Márcio.

- Você está demitido! Saia daqui agora! - bradou a advogada.

- Mas... Mas o que foi que eu fiz?

- Nada - respondeu-lhe a chefe. - Absolutamente nada...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Criando expectativas


Embora seja um equívoco criar expectativas (o tombo é sempre maior caso estas não sejam confirmadas), é impossível não as ter quando o assunto é o meu livro.

Na tentativa de alcançar reconhecimento, andei fechando várias parcerias com blogs/sites literários. Estou bastante ansioso para ver no que vai dar...

Resenhas me parecem um bom caminho para o sucesso, sobretudo porque dão ao leitor pontos de vista diferentes sobre a obra. Além do mais, é uma forma prática de alcançar uma boa parcela dos leitores de plantão.

Tenho visto nas resenhas do Segunda Dose que muitas pessoas acabam se identificando com os personagens, o que é muito interessante. Fico contente com esse tipo de identificação.

É um tanto surreal ouvir algumas pessoas discutindo sobre personagens inventados por minha mente. Muito, muito doido...

Percebi, também, que todas as resenhas têm feito alusão à realidade que o enredo do meu livro supostamente passa ao leitor. Gosto disto.

Mesmo estando no início das divulgações do livro, tendo em vista que este tem apenas 3 meses de vida, estou muito contente com o resultado conquistado até este momento.

Sei que tenho muito chão pela frente. Muitas batalhas para vencer. Mas ando curioso com o que o futuro guarda para o livro Segunda Dose. Se os próximos meses forem tão bons quanto estes que passaram, já será excelente.

Em tempo, ainda não recebi o relatório trimestral de vendas, mas algo me diz que irei me surpreender com os resultados.

Em breve, mais notícias sobre o livro Segunda Dose.

Uma boa noite a todos!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O dia que levei uma surra

Foto: saudeonline-cb.blogspot.com

Já contei para vocês que tomei uma senhora surra há alguns anos?

Acho que não. Tudo aconteceu mais ou menos assim...

Não lembro exatamente a idade, mas eu devia ter 12 ou 13 anos.

Era mais um dia nublado de outono da fria capital gaúcha. Por algum motivo qualquer, acabei discutindo com minha vizinha e amiga de infância.

Em dado momento, de forma bastante precipitada, acabei empurrando o rosto da minha "amiga" (logo explicarei o motivo das aspas). Um empurrão leve, como quem diz "sai daí". Cumpre registrar que foi um empurraozinho de nada, incapaz de machucar até mesmo uma formiga.

Eu não fazia ideia da confusão que havia arrranjado para o meu lado.

Minha vizinha, numa imprudência ainda maior, inventou para Deus e o mundo que eu havia dado um soco em seu rosto, embora todos nossos amigos tivessem presenciado a cena.

Em seguida, com uma raiva incontida, ela olhou para mim e disse com todas as letras:
- Meus amigos vão quebrar a sua cara!

Foi uma confusão.

Uns dois ou três meses depois, quando estava sentado na portaria de um dos prédios, em companhia de três amigos, percebi uma movimentação exagerada de adolescentes nos arredores.

Embora minha vizinha já tivesse jurado que seus amigos iriam me espancar, não imaginei que a promessa haveria de ser cumprida.

De repente, como num passe de mágica, uns vinte adolescentes/marginais (alguns da minha idade, outros bem mais velhos) pararam na nossa frente.

Senti um arrepio na perna esquerda. Nunca vou esquecer daquela sensação de terror. De algum modo, eu sabia que iria apanhar muito.

Enfim, um dos marginais perguntou: - Quem é o tal de "Élvis"?

Nós, rapidamente, respondemos que não havia qualquer Élvis ali conosco. Porém, todos sabiam que estavam me procurando. Quando temos um nome estranho, essas coisas vivem acontecendo... 

Outro deles, no entanto, disse para o bando enquanto apontava para mim:
- Não é Élvis, é Kelvim. É aquele ali do meio.

Na hora, lembro de ter pensado que iria morrer. Se todos aqueles imbecis resolvesse me bater, com certeza seria o meu fim.

Confesso que não lembro de ter visto rodar um filme da minha vida, como sempre acontece nos filmes, mas fiquei com bastante medo. 

- Por que você espancou a menina? - perguntou-me um deles, já com o punho fechado.

Minha tentativa de argumentar que mal havia tocado no rosto da menina foi em vão. Sem qualquer sombra de dúvida, eles haviam ido até o condomínio única e exclusivamente para me dar umas porradas.

Um dos meus amigos fez menção de tentar acalmar os ânimos, mas desistiu logo que três ou quatro deles ameaçaram-lhe.

Então, o que se sucedeu foi uma leva de socos e chutes na minha pessoa. Cinco ou seis deles, sem a menor piedade, quebraram-me a cara. Literalmente.

Meus amigos não puderam fazer nada. Se tivessem se metido na briga, teriam apanhado tanto quanto eu. Entendi perfeitamente suas posições.

O que se viu, afinal, foi uma verdadeira covardia. O empurraozinho de nada que havia dado em minha vizinha - amiga desde a infância - havia me saído bastante caro.

Tudo bem que éramos crianças, mas né...

Se não fossemos amigos, será que eu estaria vivo? Será que eu mereci apanhar daquele jeito?

Acredito que não. Contudo, acho que o episódio foi enriquecedor. Sempre aprendemos com nossos erros. Sempre.

Depois daquele dia, nunca mais conversei com minha ex-vizinha.

Não tenho raiva dela, mas pena. A forma que ela se vingou de mim foi exageradamente desproporcional e irracional.

Tenho certeza que até hoje ela deve carregar alguma culpa consigo. Ou não.

Eu, ao contrário, só ganhei com o episódio fatídico. 

Ganhei uns hematomas e uma bela história para contar!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Olhares cruzados...

Foto: myinsanemirror.blogspot.com

Dudu havia conhecido Lúcia há dois ou três meses. Não eram próximos, mas ambos tinham grandes amigos em comum.

Numa gélida noite de sábado, mais especificamente em uma reunião armada na casa de um desses amigos, ambos acabaram trocando olhares pretensiosos.

Ele não tinha qualquer certeza acerca das intenções dela, mas sabia que a forma como Lúcia havia lhe encarado fugia do padrão "amigos". Foram poucos, porém intensos segundos de olhares cruzados.

Dudu era casado há 7 anos. Estava, digamos assim, longe de ser uma pessoa feliz.

Lúcia, por outro lado, era solteira. Estava sempre se embrenhando em romances destinados ao insucesso. Seus pseudo-amores eram quase sempre impossíveis e irreais.

Ocorre que Dudu havia se encantado com aquele olhar inaudito. Não mais conseguia conceber a ideia de viver sem tão belos olhos. Assim, resolveu arriscar.

Em um raro momento de distração de sua esposa, seguiu Lúcia até o banheiro, que era um pouco afastado do salão de festas. Sem ao menos pensar nas possíveis consequências de seu gesto, segurou-a pelo braço e pôs-se a falar sobre os efeitos perpetrados por seu olhar. Descreveu suas sensações com uma sinceridade ímpar, como jamais fizera ao longo dos seus 34 anos.

Após alguns segundos, Lúcia confessou-lhe que de fato havia olhado-o com intenções secretas - as quais manteve em segredo. No entanto, com todo cuidado que lhe era inerente, explicou que um possível romance entre eles era praticamente impossível.

Em seguida, virou-lhe as costas e voltou para o salão.

Desolado, Dudu também voltou para a festa. A passos lentos, dirigiu-se triste para os braços da esposa.

No decorrer da confraternização, percebeu que Lúcia não parava de olhá-lo. Riu da ironia. Maldita vaidade, pensou.

No mês seguinte, Lúcia foi obrigada a mudar-se para uma cidade distante. Para seu particular desespero, nunca mais a viu depois daquela noite. Nunca mais.

Soube por intermédio dos amigos que ela tinha uma conta numas dessas tantas redes sociais e, desde então, passou a segui-la silenciosamente.

Até hoje, sempre que lê as frases escritas por ela, um sentimento estranho lhe invade sorrateiramente. Certo ou errado, sempre tem a sensação que as metáforas de Lúcia referem-se àquele curto interregno de tempo que seus olhares se cruzaram.

E com toda a certeza que somente um homem desiludido pode ter, soube que nunca mais receberia um olhar como aquele. Um olhar carinhoso, sincero e pecaminoso. Enfim, um olhar completo...

terça-feira, 8 de março de 2011

Eu uso óculos

Foto: oglobo.globo.com

Lembro como se fosse hoje...

Fazia uns dois anos que não enxergava com a mesma qualidade dos anos anteriores.

Ocorre que só fui perceber que minha visão estava deteriorada quando alguns amigos me perguntaram incrédulos:

- Você não está enxergando mesmo?

Com a constatação empírica da minha falta de vista, resolvi dirigir-me ao oftalmologista (oculista para os marinheiros de primeira viagem).

O médico escolheu uma lente, depois a outra, baixou as duas ao mesmo tempo e perguntou:

- Está enxergando agora?

Lembro-me perfeitamente. Como num passe de mágicas, voltei a ter meus olhos de volta. Voltei, enfim, a enxergar com uma nitidez ímpar.

Com a receita em mãos, corri atrás do meu primeiro óculos. Quando coloquei-os nos olhos, lembrei instantaneamente daquela música dos Paralamas do Sucesso:

Eu entro com meu carro pela contramão
(Eu tô sem óculos)
Se eu tô alegre
Eu ponho os óculos e vejo tudo vem
Mas se eu to triste eu tiro os óculos
Eu não vejo ninguém

Uso lentes de 1 grau em cada olho (miopia). Concordo que parece pouco. Mas, acredite ou não, é o bastante para atrapalhar um cidadão. Sem elas, não consigo sequer assistir a um filme legendado.

Estou pensando em fazer cirurgia, mas minha miopia ainda não está estabilizada, condição sine qua non para corrigir o problema da visão.

Tenho vontade de perguntar para alguém que se submeteu à cirurgia se sente falta das benditas lentes. É um contrassenso, eu sei, porém faz algum sentido.

Logo que acordo, a primeira coisa que me pergunto é:

- Onde estão meus óculos?

Querendo ou não, acabamos criando um relacionamento com nossos  falsos olhos. Afinal, sem eles não temos a mesma visão do mundo...

Se você, caro leitor, acha que tem dificuldade para enxergar, procure logo ajuda médica. Por menor que seja seu déficit de visão, você irá se surpreender com o poder do bom e velho óculos!

Garanto! Palavra de quem usa!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Amigos


Foto: certecenceradeiras.com.br


Segundo nosso bom e velho dicionário, amizade significa "afeição, estima, dedicação recíproca entre pessoas do mesmo sexo ou de sexo diferente". 

É com certeza uma boa definição, mas será que tal sentimento poderia ser definido de forma tão simplória?

Na minha modesta opinião, trata-se de algo muito mais complexo. Muito mais...

Os bons amigos são como uma espécie de família consentida, porquanto quem os escolhe é você. Certo?

Claro que às vezes erramos feio no julgamento de uma amizade. Quem nunca elegeu um grande amigo que de grande não tinha nada? Parece-me que o erro faz parte desse complexo processo de escolha.

As boas e verdadeiras amizades, no entanto, costumam ser levadas mais a sério. Sem dúvida alguma, somos mais dedicados aos amigos de longa data (ou pelo menos assim deveríamos nos comportar).

Como diz o ditado, amigo de verdade não separa briga, chega dando voadora!

Brincadeiras à parte, acho muito interessante este laço invisível que une pessoas sem qualquer vínculo. É como se formássemos outro grupo familiar. Uma espécie de família por eleição.

De qualquer forma, gostaria de dizer que tenho muito apreço pelos meus amigos. Com eles, estou sempre aprendendo.

Sempre que penso a respeito, chego à inevitável conclusão que tenho que ser mais dedicado aos amigos. Fico me perguntando se correspondo às suas expectativas...

Será que minha companhia e ideias são presentes em suas vidas de forma satisfatória? Será que eu não poderia fazer mais por eles?

Difícil responder...

sábado, 5 de março de 2011

Mendigo da era moderna


Foto: bafanaciencia.blog.br

Estava assistindo televisão e vi (impávido) um mendigo que pedia esmolas com uma máquina de cartão de créditos.

- Débito ou crédito? - ele perguntava para os transeuntes piedosos.

Você acredita nisso? 

Só pode ser sacanagem... Só pode...

Há alguns anos, eu costuma ter pena de pessoas assim. Achava que por não terem recebido chances adequadas no passado, sofriam no presente.

Hoje, contudo, penso bem diferente.

Óbvio que existem pessoas com inúmeras dificuldades por conta do passado. No entanto, acredito que temos duas situações distintas.

Crianças e adolescentes, por exemplo, não têm culpa da vida que lhes foi imposta. Enquanto perdurar sua condição de incapazes para o exercício dos atos da vida civil (um pouco antes, talvez), ainda possuem uma espécie de salvo-conduto. 

Quando somos adultos, porém, a história é bem diferente. Se o seu futuro só depende de você, o que lhe impede de sair da situação degradante a que está submetido? O quê?

Oras, um adulto que pede esmolas com o auxílio de uma máquina de cartão de créditos é uma vergonha... 


Uma única palavra seria capaz de defini-lo: VAGABUNDO!

Este cidadão não merece um único centavo. Não merecia sequer uma reportagem!

Eu trabalho. Você trabalha; Por que ele é diferente? Não deveria trabalhar também?

Sei que textos sobre mazelas sociais não costumam fazer muito sucesso, mas fico indignado com tamanha falta de bom senso...

Cada dia que passa me convenço que somos o país do absurdo... Só pode...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval: Ame-o ou deixe-o


Foto: muambeirovirtual.blogspot.com

Não podemos negar que o Carnaval é a maior festa popular do país. Muitas pessoas, aliás, o consideram a maior festa do mundo! 

No entanto, o Carnaval está longe de ser uma unanimidade. Longe!

Poderia citar aqui algumas dúzias de nomes de pessoas que detestam o Carnaval. 
D-E-T-E-S-T-A-M!

Verdade que poderia citar também inúmeras outras pessoas que adoram. Para tanto, basta ligarmos a televisão e vermos gente que dá o sangue por sua escola de samba favorita.

Por falar nisso, confesso que deve ser algo emocionante ver a bateria de uma escola descer o pau nos tambores e tamborins. O som de tantos instrumentos, somados e ao vivo, deve ser algo surreal.

Mas não é sobre tal particularidade que me refiro neste texto... Estou falando sobre o comportamento do brasileiro frente ao Carnaval.

Não sou muito fã dessa loucura que se instala nesses quatro dias intermináveis de festa. Muita música ruim. Muita desordem. Muito tudo. 

Acreditem ou não, até acho bonito o som do samba de raiz. 

Ocorre que nosso Carnaval é infestado de Axé, Techno e outros tantos gêneros musicais que detesto. Sou muito mais do bom e velho rock and roll! Muito mais...

Sei que estou parecendo um velho. Afinal, diversão é diversão... Mas não poderia esconder dos leitores meu desapreço por tal festividade.

De qualquer forma, respeito quem gosta do Carnaval. Trata-se de uma simples questão de gosto. 

Talvez seja um pouco hipócrita da minha parte falar tão mal do Carnaval, já que - assim como quase todo brasileiro - vou me esbaldar nas festas que ele nos proporciona.

Mas é como dizem: Se não pode com eles, junte-se a eles!

Um feliz Carnaval para todos!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Como você escreve?

Foto: joelsantana13.blogspot.com

Gostaria de saber como as outras pessoas escrevem.

Eu, por exemplo, sento no computador sem qualquer ideia pré-concebida e começo a digitar algumas coisas a esmo. 

Algo meio Chico Xavier (sem a entidade, claro).

Quando vejo, já escrevi linhas suficientes para publicar um "textículo" (sem trocadilhos, por favor).

Imagino que outras pessoas devam primeiro elaborar o texto mentalmente, para depois sentarem-se junto ao computador.

Outros, no entanto, costumam escrever na velha e boa folha de papel. Rabiscam nas horas mais impróprias (ou não) e depois passam para a máquina. O expediente nacionalmente conhecido como "passar a limpo".

Existem claras diferenças nessas técnicas, mas qual será a mais eficiente? 

Sempre que termino um texto, espero um pouco para publicá-lo. Embora eu não mude quase nada a versão original, tenho a falsa impressão que as ideias irão amadurecer... Vai entender...

Acho que todos que escrevem (sejam blogueiros, poetas, músicos, escritores, etc) possuem manias curiosas. Afinal, somos muito diferentes uns dois outros...

Se você que está lendo este texto tem por hábito escrever, manifeste-se! 

Diga-me qual o método que você usa. Estou bastante interessado!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Livro à venda em mais uma grande livraria!


É com orgulho que aviso os leitores do blog que o livro Segunda Dose está à venda em mais uma grande livraria.

O livro, que já era vendido no formato e-book pelas livrarias Gato Sabido e Grioti, agora está à venda também nas Livrarias Curitiba.

Para comprar o livro, clique no link abaixo:


Abraços!

Dica de livros!


A biografia Lobão - 50 anos a mil, da Editora Nova Fronteira, é um excelente livro.

Sem rodeios, um dos maiores artistas do rock brasileiro conta os detalhes que permearam sua carreira.

Relata até mesmo episódios polêmicos, como aquele envolvendo o vocalista dos Paralamas do Sucesso, Sr. Herbert Viana.

Sem dúvida, Lobão foi um visionário. Enfrentou a indústria da música como quase ninguém teve coragem até hoje.

Uma das melhores biografias que já li.

Recomendo muito!





Fora de mim, da Martha Medeiros (Editora Objetiva), também é ótimo.

Quando comprei meu exemplar, tinha por objetivo conferir a forma como a autora escrevia. Afinal, um dos livros mais vendidos do país deveria ter algo especial.

Não me decepcionei nem um pouco! O livro, que é escrito na primeira pessoa, é muito intenso. 

Embora quase não haja diálogos, a autora sabe como ninguém expressar sentimentos. Fiquei realmente impressionado...

Vale a pena conferir.