sexta-feira, 30 de março de 2012

Nem tudo são flores


Marta precisava tomar uma grande decisão, talvez a maior da sua vida.

Embora faltassem apenas três dias para o seu casamento, estava prestes a largar tudo por outro homem.

Túlio, seu noivo, era um homem bom de coração e tudo mais, mas possuía tantos defeitos que era impossível contá-los com os dedos, mesmo se somados os dos pés.

Marta sabia que se agisse da maneira que todos esperavam - leia-se casar com Túlio -, provavelmente seria a mais infeliz das mulheres.

Todos esperavam que assim agisse, afinal, era natural que se casasse com o homem que foi seu namorado por tantos anos.

Todos, menos ela.

A vontade de largar o noivo, contudo, não se resumia aos tantos defeitos deste. Seis ou sete meses antes do casamento, Marta havia se apaixonado por outro homem. 

Paulo, o outro homem, era a exata antítese de Túlio. Alegre, inteligente, engraçado: tudo que Túlio parecia se recusar a ser.

Marta havia conhecido Paulo na biblioteca municipal. Meia hora de conversa foi o suficiente para apaixonarem-se. Coisa de filme.

Mantiveram um relacionamento secreto durante os meses que antecederam a semana marcada para o casamento, até que Marta resolveu terminar tudo.

Sua ética particular não lhe permitira ter um amante após o sagrado matrimônio. Essa nunca foi sua intenção.

No entanto, mesmo faltando apenas três dias para o casamento, era Paulo quem não saía de sua cabeça. Era com ele que imaginava adentrar na igreja de mãos dadas.

Justamente por amar Paulo, e não o noivo, que a decisão de levar ou não adiante o casamento era a mais importante de sua vida

Sabia que se assim procedesse, jamais se divorciaria do marido no futuro. E Paulo, provavelmente, haveria de encontrar uma mulher especial tão logo Marta o deixasse livre.

Marta decidiu não decidir

Amanhã... dizia para si mesma em pensamento, mesmo sabendo que o tempo tornava tudo mais difícil.

E o amanhã se transformou em outro amanhã, até que chegou a data marcada para o matrimônio.

Às lágrimas, naturalmente confundidas por todos como se de emoção fossem, subiu o altar. E de lá saiu casada com Túlio, aquele que jamais fez por merecer seu coração.

Comportou-se exatamente da maneira que todos esperavam. Esqueceu-se apenas do que ela mesma esperava para sua vida.

Até hoje, quando pensa no dia do casamento, Marta lembra da triste expressão de Paulo que, da quarta fila, assistiu a tudo impávido, como quem precisa ver para crer.

Nem tudo são flores na vida. Marta que o diga.

domingo, 25 de março de 2012

Mais do mesmo

A impressão que tenho é que todos leem os mesmo livros, assistem aos mesmos filmes, escutam as mesmas músicas.

Penso, contudo, que não podemos deixar que a mídia nos imponha (sempre) aquilo que vamos consumir no sentido cultural da coisa.

Na qualidade de seres pensantes (com exceção de algumas pessoas), precisamos escolher o melhor. Saber prezar pelo qualitativo.

Em suma: distinguir o bom do ruim. 

Quem sabe, experimentar o diferente, nem que seja para variar um pouco.

A massa está acostumado com isso, até porque nem percebe que as coisas lhe são impostas. Não fazem a menor ideia de que tudo gira em torno do dinheiro, de que são vítimas desse mau gosto distribuído a esmo.

O problema é quando você, que mesmo tendo todas as ferramentas para tanto, não consegue fazer essa distinção.

Inadmissível que uma pessoa que tenha estudado ou que tenha acesso a informações não consiga diferenciar o bom do ruim.

Tenho vontade de chorar quando vejo um desses idiotas colocando no "supersom" do seu carro a péssima música que tocou um dia antes no programa "Jabá do Faustão".

Precisamos mudar. 

Sair do trivial, sobretudo daquela cultura inútil acessível ao povão, se é que podemos chamar essa coisa de cultura.

Ler livros que não aqueles feitos especialmente para a massa, assim como filmes e músicas.

A minoria pode sim ser sábia. 

Oras, se todos nós temos cérebros potencialmente iguais, por que vemos tão poucas pessoas com bom gosto?

Tudo bem, gosto é uma questão bastante particular. Mas se grande parte das pessoas conseguir separar o ruim do resto, aí sim estaremos diante de uma evolução humana incrível.

Não sou ingênuo a ponto de achar que algo dessa magnitude possa acontecer da noite para o dia, porém penso que existe sim uma chance.

Essa chance, como já repeti inúmeras vezes aqui neste espaço, chama-se: EDUCAÇÃO.

É triste, mas enquanto não educarmos a contento as crianças do futuro, continuaremos nos comportando de forma igual. Continuaremos nos comportando como povão sempre.

Por um futuro mais educado, mais inteligente.


Ps. É decepcionante ver a população se queixando de professores pelo simples fato destes quererem fazer greve (leia-se lutar por seus direitos). Isso porque é inadmissível ver um profissional tão imprescindível para o crescimento de uma nação ganhar tão pouco. Professores deveriam ser os profissionais mais valorizados. Ponto.

domingo, 18 de março de 2012

Bela SC!

   Foto: www.portalriodorastro.com.br


Como todos já devem saber, sou gaúcho. Natural de Porto Alegre-RS, para ser mais exato.

Porém, moro aqui em Santa Catarina há quase 15 (quinze) anos, exatamente o mesmo tempo que morei na capital porto-alegrense.
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Hoje, ocorreu-me de falar sobre a experiência de trocar de Estado. Ressalto que usei a palavra "experiência" premeditadamente, porquanto é exatamente isso que uma troca de Estado representa.

Quando cheguei aqui Santa Catarina, no auge dos meus quinze anos (not!), percebi que as coisas eram bem diferentes neste Estado de natureza tão exuberante. A começar, claro, pelas pessoas.

Sempre fui muito bem tratado por todos, com um acolhimento até surpreendente, o que atribuo ao fato de que grande parte das pessoas são descendentes dos não menos acolhedores italianos.

Estranhei bastante no começo, confesso. Mas não tinha como ser diferente diante de tantas mudanças.
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Logo no começo, sofri com as "piadas de gaúcho". E olha que o pessoal daqui gosta de contar essas piadas repetidas vezes.

À época, ficava bravo, fazia cara feia, etc. Hoje, contudo, levo na brincadeira. Se bobear, até ajudo a contar junto. Tudo na boa.

Apenas para fazer uma parêntese, até hoje não entendo essa rivalidade com o Rio Grande do Sul. Lá, por exemplo, não é costume contar piadas envolvendo catarinenses. 
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O mais curioso nisso tudo é que resisti bastante à ideia de vir morar aqui. No começo, aliás, sempre repetia que voltaria a morar em Porto Alegre logo que alcançasse minha independência financeira.


No entanto, o tempo foi passando e comecei a tomar gosto pelo Estado, sobretudo pela bela e pacata Cidade de Lauro Muller/SC. Tanto que pretendo morar aqui pelo máximo de tempo possível.


A calmaria daqui é um tanto viciante, sobretudo para quem é chegado no sossego.


Talvez alguns cidadãos daqui achem que devo estar ficando louco, uma vez que muitos deles querem fugir deste canto do mundo o quanto antes, mas é assim que me sinto com relação à cidade.
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O Estado de Santa Catarina, por si só, é mais pacato. A capital Florianópolis, por exemplo, é super tranquila e não registra índices tão alarmantes de criminalidade, pobreza, desgraças de toda espécie, etc, quanto outras capitais do país.


A impressão que tenho, às vezes, é que estamos algumas décadas atrasados com relação a outros Estados. Muito embora minha afirmação pareça uma crítica, é exatamente o contrário.


Essa coisa de crescer economicamente também pode acabar com uma cidade.


Se você é esperto, sei que entenderá o que estou querendo dizer.
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A verdade é que me apeguei a este lugar. Desde a natureza exagerada até a falta de opções (e suas saídas alternativas), tudo aqui é muito legal. Muito diferente de onde morava antes.


Sim, gosto do muito da minha terra natal. Mas não fossem os parentes, não sei se sentiria necessidade  de voltar lá com frequência.


Enfim, escrevi este texto com o intuito de transparecer o quão este Estado me fascina, o quanto me fisgou com suas particularidades.


Santa Catarina é um excelente Estado. Ponto.


Ps. Quer conhecer mais sobre o Estado? Então acesse o maior portal turístico da região: www.portalriodorastro.com.br

segunda-feira, 12 de março de 2012

Num afluente qualquer...



Foto: umpoucodepoesia-msframos.blogspot.com

Não sabia se havia sido a cachaça sugestivamente chamada de "tonturinha" que havia ingerido em excesso horas antes ou a umidade pecaminosa daquele lugar.

A única certeza que tinha é que não fazia ideia de como havia chegado naquela balsa de proporções quase fantasiosas.

Olhei para um lado, depois para o outro, e percebi que estava numa espécie de discoteca fluvial repleta de pessoas cujo mau gosto era perceptível pelo vestuário.

Jamais frequentaria um lugar desses, pensei.

As músicas executadas pelo DJ eram ainda piores. E o balanço do barco as deixava ainda mais nauseantes.

A primeira coisa que me ocorreu foi perguntar a um senhor que estava do meu lado se ele imaginava como eu havia chegado naquele exato local. Porém, seu visível estado de embriaguez me demoveu da absurda ideia.

As outras pessoas ao meu redor não pareciam menos embriagadas, motivo pelo qual me dirigi até o bar. Alguém naquele lugar haveria de estar sóbrio, imaginei.

O barman, que deveria pesar uns 120 Kg, suava feito um porco. Sua camiseta branca de algodão, cujo frase dizia "amo minha mãe", estava quase transparente.

- O senhor, por acaso, sabe como eu vim parar aqui? - indaguei-lhe, temerário.

Ele ouviu minha pergunta em silêncio. Após, limpou o suor com o pano de prato que carregava sobre o ombro esquerdo e soltou uma tremenda gargalhada.

- Não faço a menor ideia de como você veio parar aqui, seu idiota! - respondeu-me quase afogado de tanto rir.

- Onde estamos? - perguntei.

O gordo homem, então, parou de rir. Sério, retrucou:

- Neste exato momento?

Balancei a cabeça em sinal afirmativo.

- Acho que num afluente do Rio Paraná do Careiro.

Sorri enquanto esperava que me dissesse estar brincando, mas o sorriso de volta não veio.

- Em que cidade fica esse rio?

- Em Manaus, claro.

- Manuas do Amazonas? - perguntei, incrédulo.

- Óbvio - respondeu-me o barman.

Senti minha cabeça girar freneticamente.

Estava prestes a desmaiar quando alguém puxou-me pelo braço até o lado de fora da balsa. Aos poucos, fui recobrando o ar e a percepção.

Quando olhei para o lado com o intuito de agradecer à admirável pessoa que havia me ajudado em situação tão desconfortante, levei um senhor susto.

Ali ao meu lado, estava a mulher mais bela que já havia visto na vida. Tal qual uma estrela, quase emanava luz própria.

Não era o fato de ela ser linda que eu estranhava, muito embora sua beleza fosse quase suspeita. Mas o que uma mulher daquelas fazia naquele lugar.

Definitivamente, um não havia nascido para o outro.

Sem dizer uma única palavra, a bela mulher, com seus ainda mais belos lábios, avançou em minha direção com cara de pecado.

Mesmo sem olhar para os lados, pude sentir a inveja das pessoas que nos rodeavam. Havia chegado, enfim, meu dia de sorte.

Sem titubear, beijei-a com todo ardor possível. Foi "o" beijo.

Então, ela se desvencilhou de mim. Em seguida, para meu total espanto, subiu no corrimão do barco e pulou na água antes mesmo que eu pudesse protestar.

Fiquei ainda mais perplexo quando a vi balançar um imenso rabo de sereia, oriundo sabe se lá de onde.

Foi nesse momento que acordei com a boca deveras azeda, resquício de um sábado pra lá de etílico.

Levantei, olhei no espelho, e prometi para mim mesmo:

- Cachaça "tonturinha" nunca mais. Nunca mais!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O que você precisa saber antes de casar

O casamento é deveras subestimado.

Não sei o motivo ao certo, mas as pessoas costumam odiá-lo mesmo sem conhecê-lo.

Muitos, no entanto, detestam a instituição por terem escolhido a pessoa errada para passarem o resto de seus dias, muito embora a expressão "o resto dos seus dias" tenha virado pro forma.

Na ânsia de constituir uma família, casam-se com um(a) idiota.

Ocorre que isso acontece por algum motivo. N-A-D-A é por acaso.

Exitem aqueles que queimam etapas por julgarem ter encontrado a pessoa certa. Preciso mesmo explicar por que é tão importante conhecer um pouco a pessoa antes de assumir um vínculo tão denso quanto o matrimônio?

Doutro norte, existem os que, mesmo namorando há anos, não conseguem enxergar que vão casar com um(a) idiota. Neste caso, idiota é você que não percebe o quão ruim é seu parceiro(a), porquanto todos emanam sinais, comportam-se desta ou daquela maneira, etc.

E, para encerrar a categoria, existem as pessoas otimistas. Aquelas que, mesmo sabendo que o futuro cônjuge não presta, acreditam com toda fé que irão consertá-lo(a).

Bom, penso que este último exemplo prescinde de maiores comentários.

Se a seleção é bem feita, as chances do casamento darem errado diminuem drasticamente. Afinal, a menos que você tenha regredido alguns séculos, foi você quem escolheu vincular-se com seriedade a determinada pessoa, não foi a vida quem lhe impôs isso.

Por experiência, afirmo que o casamento é sim algo muito legal. Tive a sorte (talvez competência) de encontrar a pessoa certa.

Contudo, antes de casar-se, reveja um pouco seus conceitos. Facilite sua própria vida para o bem geral de todos os envolvidos.

A verdade é que o(a) escolhido(a) talvez não seja assim tão especial.

Pense bem antes de tomar tamanha decisão. Pense muito bem.

sábado, 3 de março de 2012

O mundo não gira ao seu redor

Talvez o que eu vá dizer agora possa ser impactante para determinada parcela da sociedade.

Na dúvida, melhor sentar-se.

Você, caro amigo(a), não é o centro do universo! E a terra, esta coisa redonda onde vivemos, infelizmente, não gira ao seu redor.

Se você ficou chocado, embasbacado, ou qualquer outra palavra com o final "cado", melhor rever os seus conceitos bem rápido.

Vocês que não ficaram chocados hão de concordar comigo, é impressionante a quantidade de pessoas que pensam que seu próprio umbigo é o epicentro do universo. O lugar onde tudo começa e acontece.

Menos mal que isso não é verdade, até porque o umbigo de uma pessoa não me parece um lugar tão bom assim para se habitar.

É incrível, mas se alguém ri junto com outra pessoa, essa espécie de ser humano a que me referia acima já se imagina como sendo o alvo dos comentários (se é que existem comentários). "Só podem estar rindo de mim", pensam esses incautos.

Tanto que não precisam de muito para armar uma bela confusão.

Ademais, somente essas pessoas sem noção alguma é que costumam receber um número absurdo de indiretas no decorrer do dia, o que, obviamente, é um disparate.

Não, caro desconfiado, as pessoas não estão rindo de você, assim como você não é tão importante a ponto de receber milhares de indiretas diariamente.

Será isso mania de perseguição?

Acredito que seja falta de bom senso mesmo.

Claro que somos todos importantes perante a sociedade, ainda que relativamente, mas tudo tem um limite.

Enfim, o mundo não gira ao seu redor! Não mesmo!