domingo, 24 de novembro de 2019

Pequenos grandes momentos

Já fazia algum tempo que não comprava uma coca-cola.

Alguns anos, acho.

Ou talvez seja apenas a minha memória me traindo mesmo. 

De qualquer forma, ir ao mercado com o objetivo específico de comprar um refrigerante, diferentemente do que acontece com o líquido precioso amarelo (leia-se cerveja), é algo bem raro.

Não preciso listar motivos para isso, certo?

Ontem, contudo, contra toda e qualquer probabilidade, acabei comprando uma coca.

Por que não? Eu sou a lei.

Ocorre que me esqueci da existência do refrigerante em questão tão logo o guardei. Culpa da falta de hábito, talvez.

Ele, o refrigerante, ficou o dia inteiro esquecido em meio às garrafas de cerveja que infestam minha geladeira, para minha própria felicidade.

À tarde, saí com uns amigos para ver um jogo. Como de praxe, bebi alguns chopes gelados e comi algumas bobagens salgadas por demais.

De madrugada, então, acordado por uma sede voraz, dirigi-me à geladeira em busca de uma garrafa de água

Obviamente, não tinha mais água gelada (emoji olhando para cima).

Pasmem, mas quando você mora sozinho, ninguém enche as garrafinhas de água se você não o fizer.

Já estava me xingando mentalmente quando meu olhar periférico que, via de regra, costuma ser péssimo, fez com que avistasse a garrafa de coca-cola que repousava em berço esplêndido na porta da minha geladeira.

A coca! - disse em voz alta com uma vibração incomum para o horário, mais precisamente, três horas da manhã.

Aliás, no melhor estilo Emily Rose, sempre acordo nesse horário. 

Medo, né? (tô falando sério).

Enfim... Então, movido por uma sede ancestral, virei aquela coca-cola com gosto, com uma vontade sem precedentes.

Não sei se foi o sódio, a leve ressaca, ou mesmo o aparelho móvel e seu gosto peculiar, mas, sem dúvida, foi o melhor gole de coca que já tomei nesta vida.

E foi nessa hora que tive um insight: definitivamente, a vida é feita de momentos.

Algumas vezes, de pequenos momentos mesmo. 

Em outras, contudo, de momentos excepcionais.

Como um gole inesperado de coca gelada numa madrugada qualquer.

Algo superável, é verdade. Mas, ainda assim, um relativo senhor momento.

Não pelo ato em si, mas pelo fato de ter me dado conta de que aquilo, naquele momento, estava me fazendo feliz.

Algo que nem sempre enxergamos. 

Nem sempre.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Destino?

Quando conheço uma pessoa nova, fico imaginando quantas vezes devo ter cruzado com ela ao longo desta vida.

Quantas vezes - fisicamente falando mesmo - passei ao seu lado sem sequer suspeitar de sua existência.

Se já nos esbarramos em alguma fila de um carrinho de churros.

Se, involuntariamente, já "fechei" seu carro numa dessas tantas rótulas espalhadas por aí (Tubarão que o diga).

Se já dividimos uma gangorra quando crianças.

Se, na tentativa de ser educado, segurei a porta de entrada de um prédio qualquer.

Ou mesmo se já a desejei secretamente em algum restaurante enquanto passava por minha mesa rumo ao banheiro.

Enfim, esse tipo de coisa.

Seria no mínimo interessante poder analisar esses dados. 

Tentar recordar o que ambos faziam num mesmo local no inóspito ano de 2006, por exemplo.

É muito doido o fato de cruzar tantas e tantas vezes com uma mesma pessoa sem imaginar que, no futuro, ela viria a impactar sua vida.

Às vezes com mais intensidade, às vezes com menos. 

De qualquer forma, isso gera questionamentos.

Por que nunca nos notamos antes?

Por que somente agora o encontro foi forte o bastante para nos unir?

Não era a hora certa? 

A idade ideal, quem sabe?

Nossas almas não estavam preparadas?

Quem sabe nossos signos não estavam alinhados com o sol ao mesmo tempo ou alguma bobagem parecida?

Vou ser ousado: Destino? 

Ou talvez só coincidência mesmo?

Não sei.

E você? Sabe?

Foto: http://www.correiodecorumba.com.br/?s=noticia&id=28029