quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Livro II

O Livro, surpreendentemente, está saindo do papel. Diria mais, está tomando vida própria.
A cada dia que passa, surpreendo-me mais com tudo isso. Não imaginava o quão poderia ser gratificante criar uma história e dar vida a personagens até então inexistentes.
É como se os personagens, de alguma maneira inexplicável, fizessem parte de minha vida.
Acreditava que dar continuidade à idéia inicial fosse algo extremamente difícil. Contudo, com o passar dessas duas semanas, pude observar que a realidade é outra. Parece-me que sou apenas um mero coadjuvante de um livro cujo enredo acaba por se criar sozinho.
Agora, já sei o que eu quero ser quando crescer: Quero ser escritor!
Não ambiciono a fama, riqueza ou sucesso; Quero apenas escrever por escrever!
Com toda a certeza, esse será o primeiro de muitos livros que ainda estão por vir.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Livro

Poucos, porém fiéis leitores:
Estou a me aventurar no campo literário, eis que estou escrevendo um romance.
Embora seja algo complexo e difícil de se realizar, é extremamente prazeroso.
Já foram escritos dois capítulos do livro, cujo nome e história ainda não podem ser divulgados.
Informo, contudo, que o blog continuará sendo atualizado normalmente.
Abraço a todos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Benditas (malditas) pernas

De repente, sua vida parou.
Juca era um cara bem normal, daqueles que passam a vida inteira sem sequer ser notado. Ao longo de seus 38 anos, nunca fez algo que lhe desse orgulho. Era divorciado e, pasmem, tinha cinco filhos, os quais arrancavam quase que a totalidade de sua parca remuneração.
Sua vida se resumia basicamente ao trabalho. Laborava no setor administrativo de uma exportadora de cadarços de sapatos, ou, como ele próprio definia: "o emprego mais chato de todas as galáxias".
Embora morasse sozinho, saía pouco de casa. Eram raras as vezes que seus amigos conseguiam tirá-lo de seu sofá e levá-lo a alguma festa. Entretanto, sua vida estaria prestes a mudar, e tudo por causa de uma minissaia. Ou melhor, "a" minissaia.
Era uma festinha da empresa. Um churrasco realizado na casa do Chefe. Tudo transcorria normalmente. Os funcionários, na sua maioria, estavam embriagados, contando piadas e falando bobagens, assim como são todas as festas de trabalho.
Lá pelo meio da festa, no entanto, a vida de Juca mudou, e seu mundo jamais foi o mesmo. Renata, uma de suas colegas da exportadora, adentrou no recinto usando uma minissaia, e, de repente, o Universo parou.
Para Juca, aquilo representava muito mais que um belo par de pernas. Ele estava literalmente apaixonado. Como num milagre da natureza, parou de agir como um idiota e passou a ter um único objetivo em sua vida: conquistar a dona daquelas pernas, aquelas benditas pernas.
Sua vida, então, começou a girar em torno de Renata.
No início, os amigos começaram a duvidar de seus sentimentos por Renata, alegando que alguém jamais poderia se apaixonar apenas por ver as pernas de alguém. Entretanto, Juca recusou o rótulo dado por seus colegas e, sem titubear, afirmava em alto e bom som: "Estou apaixonado!".
Mais do que apaixonado, Juca começou a mostrar-se obsessivo. Começou a seguir Renata, freqüentar os mesmos locais e a fotografá-la. Estava perdidamente enlouquecido por aquela mulher.
Meses se passaram e Juca ainda nutria sentimentos pelas coxas de Renata, porém sua vida estava prestes a virar de cabeça para baixo. Era uma sexta-feira à tarde quando ficou sabendo que Renata tinha sido promovida e iria comandar uma filial da empresa localizada na Groenlândia.
Juca, inconformado, não parava de repetir: "Estou arruinado! Estou arruinado".
Aos poucos foi se acostumando com a ausência de Renata e sua vida foi voltando ao normal. Como ele mesmo descrevera, "estava voltando à sua patética rotina".
Somente anos mais tarde Juca conseguiu entender o que lhe acontecera. Na verdade, nunca estivera apaixonado por Renata, mas obcecado em tentar dar sentido à sua triste existência. A adoração dos membros inferiores de sua colega era, pura e simplesmente, o pretexto que lhe faltava para dar início a novas mudanças que ainda estavam por vir.
Juca, então, nunca mais foi o mesmo homem. Aprendeu a viver aproveitando o que há de melhor na vida, vivendo intensamente cada segundo. Porém, até hoje, toda vez que vê uma minissaia, fica todo arrepiado e com medo de que o fatídico episódio outrora vivido volte a atormentá-lo.
Inutilmente, já procurou a ajuda de diversos especialistas, bem como tomou todos os psicotrópicos existentes no mercado negro, mas nada adiantou. Toda vez que pensa em uma minissaia, seu mundo quase pára, sua vontade de viver diminui e seus amigos se desesperam. Malditas pernas aquelas, malditas pernas.