segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Questão de tempo

Visando o bem-estar da população local, a Prefeitura está construindo uma pista/ciclovia às margens do surrado e triste rio que rasga a Cidade onde eu moro.

Para fazer isso, consequentemente, viram-se obrigados a cortar inúmeras árvores plantadas no local há algumas décadas.

Inúmeras.

Não sei qual a espécie das árvores, se esse corte havia sido programado no passado ou mesmo se vão ser reutilizadas em alguma ação social - o que, a propósito, seria bem legal.

Para ser bem sincero, não sei quase nada a respeito. Apenas que foi necessário decepá-las para dar início à tão aguardada obra.

E isso me deixou dividido.

Não que eu não esteja interessado na obra em si; pelo contrário, serei um dos primeiros a utilizar a pista para correr, como tenho feito ao longo dos anos.

Aliás, fiquei super empolgado quando soube da notícia de que ali seria construída a tal pista.

Mais do que isso, não tenho dúvidas de que a obra em questão é consenso na Cidade. 

Até porque, ficar caminhando/correndo/pedalando enquanto se disputa espaço entre os carros, além de perigoso, é um tanto desagradável.

Mas confesso-lhes que, ainda assim, me bateu uma certa tristeza ao ver aquelas árvores todas deitadas junto à rodovia

Mortas. 

Por óbvio, sei que contribuímos consideravelmente com essa degradação. 

Seria um tanto hipócrita da minha parte reclamar de cortes de árvores tendo em meu apartamento um lindo chão de laminado, dentre outras coisas

Seria como reclamar da extração do petróleo e usar o carro todos os dias.

"Não obstante/contudo/todavia/porém", mesmo sendo partícipe desse arboricídio, permanece essa sensação de tristeza.

De que alguma coisa está muito errada.

Essa sensação de que estamos acabando com a natureza para que tenhamos uma vida mais confortável.

A verdade é que nós seres humanos - me incluo nessa - não passamos de uns malditos parasitas.

Nessa ânsia de mais e mais comodidades nem tão inadiáveis assim, vamos acabar com absolutamente tudo.

Parece ser apenas uma questão de tempo.

E, sendo a obra benéfica ou não, essas árvores da foto, no fim das contas, são apenas mais uma prova disso.

Infelizmente.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Sinceridade à flor da pele

Nesta última segunda, fiquei positivamente surpreso quando abri meu instagram.

Mais precisamente quando terminei de ler um texto que uma amiga havia recém postado.

O texto em questão fala sobre depressão e suas agruras, dentre outras coisas.

E, embora escrever sobre o assunto já seja surpreendente o bastante, considero-o assim por um outro motivo, por ter sido muito, mas muito verdadeiro.

De uma sinceridade desconcertante, eu diria. 

É que, convenhamos, é muito difícil ver alguém expor suas "fraquezas" dessa forma.

Achei muito corajoso, para dizer o mínimo.

Ainda mais em tempos de redes sociais, em que todos estão ocupados demais jogando sua felicidade na cara da sociedade.

Sim, nós fazemos isso (o tempo todo).

Lembro de, logo após ler o texto, ficar pensando que qualquer pessoa com um mínimo de empatia deve ter se colocado no lugar dela e pensado "que mulher foda".

Pelo menos, foi o que eu pensei.

Superar adversidades, por natureza, já costuma ser algo muito difícil. Agora, superar uma doença que vem das profundezas do seu eu deve ser algo ainda pior.

Sobretudo com um bando de desinformados que, na ânsia de tentar ajudar, acabam atrapalhando ainda mais.

Aliás, espero que eu não esteja fazendo isso neste exato momento, o que não é nada improvável (risos).

Sei que a depressão é algo sazonal, de modo que nada resta a ela senão controlá-la, como, aparentemente, tem feito bem. 

Por conta disso, acredito que o medo de sofrer desse mal novamente deve ser algo muito presente, infelizmente.

Tentei me colocar no lugar e fiquei imaginando como seria conviver com um receio dessa magnitude.

Deve ser assustador. 

Contudo, penso que uma pessoa capaz de escrever um texto assim tão visceral é capaz de qualquer outra coisa.

Qualquer outra coisa! 

Afinal, pessoas intensas costumam ser muito fortes também

Parece-me ser o caso, felizmente.

De qualquer forma, fico na torcida.