quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Sempre em movimento

Um primeiro parágrafo inacabado em uma folha amarelada fixada numa surrada máquina de escrever fabricada em 1934.

É exatamente assim como me sinto neste momento.

Sem tirar nem pôr.

Como se tivesse um árduo trabalho pela frente.

Muito a produzir, a errar, a acertar, a errar de novo.

Em termos práticos, a viver.

Acometido por uma sensação um tanto dúbia: o céu é o limite x um longo caminho a percorrer até lá.

Se é que chegarei "até lá".

A vida, felizmente, não cansa de me surpreender.

Por vezes, positivamente.

"Às vezes tudo; às vezes nada; às vezes tudo ou nada; às vezes 50%".

O mais curioso é que esse "fardo" de ter muito a produzir também é uma espécie de benção.

Afinal, é uma porta escancarada para infinitas possibilidades.

É o "avesso do avesso do avesso do avesso" da maldita comodidade.

No fim das contas, é aquela velha história: tudo depende da forma como você encara as coisas.

Logo, tão certo quanto um chope gelado numa sexta à noite, dias melhores virão.

E o texto que começou com uma pegada deprê termina surpreendentemente esperançoso. 

Aparentemente, uma metáfora perfeita da vida, que, não é demais lembrar, está sempre em movimento.

Sempre.


sábado, 4 de janeiro de 2020

Não seja um imbecil

Por motivos óbvios - sou de uma cor branca quase translúcida -, nunca sofri preconceito racial.

O branco, por mais branco que seja, sempre é melhor acolhido pela sociedade, o que, convenhamos, não faz o menor sentido.

Claro que já ouvi - ainda ouço, na verdade - brincadeiras a esse respeito.

Sempre tem quem fale "vai pegar um solzinho" ou coisas do gênero.

Obviamente, não curto muito esse tipo de brincadeira. Porém, não é nada que atrapalhe minha vida.

Nem perto disso.

Contudo, sempre que alguém pega no meu pé por conta do meu branco eclipse (não é para tanto também), tento me colocar no lugar das pessoas com tom de pele mais escuro. No lugar dos negros, em particular.

Deve ser foda ser bombardeado por preconceito de todos os lados. Às vezes, dos próprios amigos.

Imagine ver alguém atravessar a rua porque acha que você vai assaltá-lo simplesmente pelo fato de ter um pigmentação diferente da sua.

Acredite se quiser, mas já ouvi gente estudada - como se isso significasse algo - e "aparentemente" bem equilibrada dizer com todas as letras que não se senta à mesa com um negro.

Por que, afinal, alguém teria um comportamento tão escroto?

O ser humano, detentor de qualidades tão incríveis, não poderia se dar ao luxo de ser tão lixo.

Brancos de mais, brancos de menos, pretos de mais, pretos de menos, somos todos absolutamente iguais.

Não somos? 

Portanto, não seja apenas mais um imbecil (leia-se racista).