quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Coisa de maluco...

Foto: rodolfovasconcellos.blogspot.com

Acordei com uma disposição incomum. Sentia-se mais novo, mais leve.

Olhei para o lado e vi que minha esposa já havia se levantado. Não dei muita importância, a princípio.

Assim que levantei, no entanto, percebi algo estranho. Então, dirigi-me até a sacada e confirmei minhas suspeitas. Havia mesmo algo estranho, só não sabia o quê.

Demorou alguns segundos até eu perceber que um silêncio inquietante tomava conta do ambiente, o que era bastante incomum para um sábado pela manhã.

Notei que não havia pessoas na rua. Nenhuma, para ser mais exato, assim como nenhum carro em movimento.

Logo pensei que deveria ter ocorrido algum tipo de tragédia. Assim, liguei a televisão em busca de informações. Estranhamente, todos os canais estavam sem sinal.

Fiquei ainda mais preocupado, sobretudo porque minha esposa não estava em casa.

Assim, desci correndo as escadas do prédio, e só parei quando os raios solares cegaram-me. Olhei para a direita, depois para a esquerda, e nada.

Corri até um posto. Ninguém.

Atravessei a rua ainda mais rápido e invadi uma loja de departamentos. Nada além da música ambiente comum a esse tipo de estabelecimento.

Rodei mais um pouco até perceber que tudo continuava no mesmo lugar, exceto as pessoas.

- Onde todos foram parar, afinal? - perguntei-me em voz alta, finalmente.

Estava adentrando no auge da aflição quando meu telefone celular tocou. Simplesmente, senti alívio ao ouvir o toque polifônico do meu aparelho da idade da pedra.

Olhei no display e vi o nome da minha esposa. Sorri sozinho.

- Alô - eu disse.

- Meu Deus! - retrucou minha esposa do outro lado da linha. - Onde você está? Estamos todos preocupados...

- Como assim? - perguntei.

Em seguida, ouvi calado minha esposa dizer-me que fazia 4 dias que não me via. Explicou-me que todos estavam à minha procura, inclusive a polícia.

Tentei convencê-la de que eu também estava em casa, mas foi em vão. Ela, obviamente, achou que eu estava fazendo uma brincadeira de mau gosto.

Então, após meia hora de conversa, desisti de tentar argumentar. Até porque minha esposa não era dada a brincadeiras.

Se ela estava afirmando que era eu quem não estava em casa, de alguma forma aquilo era verdade.

Mas onde eu estava, afinal?

A primeira coisa que me ocorreu foi que eu deveria estar dormindo. Contudo, o realismo extrapolava as barreiras do sonho, o suficiente para rechaçar esta hipótese.

Lembrei-me, então, de uma teoria sobre o Universo Paralelo, que um amigo havia me contado meses antes. Sim, haveria de ser isso.

Até porque não havia outra hipótese plausível. Não mesmo.

O curioso nessa história toda é que quando meu amigo falou sobre a dita teoria do Universo Paralelo, chamei-o de louco. Sem receio, enchi a boca para chamá-lo de MALUCO, com caixa alta, negrito e tudo o que tem direito.

Lembro dele ter mencionado que o tempo nos dois universos transcorria de forma diferente, o que explicava o fato de eu estar desaparecido há quatro dias.

Comecei a pensar na ironia e ri sozinho. Quem diria, eu, um cara cético, estava preso em um Universo Paralelo. Logo eu.

No entanto, quando estava quase me acostumando com a ideia, senti algo estranho acontecer.

Abri os olhos. Só quando vi minha esposa deitada ao meu lado é que me dei conta que tudo não passara de um sonho.

- Universo Paralelo... - balbuciei baixinho, sorrindo.

- O que você disse, amor? - perguntou minha esposa, ainda com cara de sono.

- Nada não - respondi. - Coisa de maluco, amor. Coisa de maluco...

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