sábado, 1 de fevereiro de 2020

Fluidez

Acho que nunca falei isto em voz alta: não escrevo porque quero, mas porque preciso.

Há muito não se trata de apenas mais um passatempo, mas de uma necessidade. Quase primária, eu diria.

Algo que já se confunde com quem eu sou. Pelo menos, é essa a visão manifestamente parcial que tenho de mim mesmo.

Aliás, nem me lembro mais de quem eu era quando não escrevia, tampouco onde canalizava essa energia que vez ou outra me toma de assalto no melhor estilo Chico Xavier.

Brinco, mas às vezes me assusto com a forma como os textos chegam (não entrando no mérito da qualidade deles, o que é bem relativo).

Mais de uma vez, já acordei de madrugada com um texto pronto na cabeça. Bizarro. 

E sempre que isso acontece, acabo me lembrando de yesterday, dos Beatles - guardadas as devidas proporções, claro

Acabo me expondo nesse processo?

Pode apostar que sim.

Me importo com isso?

Não.

Para o bem ou para o mal, sou muito mais do que transpareço neste espaço. 

Por óbvio, uma fração da minha realidade, que, frisa-se, é a que deliberadamente escolho mostrar, não me define.

Nem de longe. 

"De mim você não sabe nem metade"

Sobretudo se levarmos em consideração que, hoje, não sou mais a pessoa que era ontem. Ninguém é. 

Aqui, exclusivamente aqui, com toda liberdade inerente ao ato de escrever, TENTO fazer arte.

Misturar. Isso mesmo: misturar.

Às vezes, apenas realidade.

Às vezes, apenas ficção.

Às vezes, ambos. 

Onde termina uma e onde começa a outra? 

Às vezes, nem eu sei.

De qualquer forma, tenho um objetivo bem específico com isso tudo: alcançar a fluidez.

Na hora da verdade, é o que realmente importa.

Na vida, nos textos, no amor. 

Esse é o maldito segredo: Fluidez.

Imagem: https://br.freepik.com/fotos-premium/estrada-de-asfalto-de-estrada-vazia-e-bela-paisagem-do-ceu_2951583.htm

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