sábado, 17 de novembro de 2012

Te quero...

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Carlos Alberto tinha uma teoria um tanto ousada quando o assunto era conquistar mulheres.

Vivia dizendo para os amigos que havia descoberto o plano perfeito, embora nunca tivesse colocado-o em prática.

Sua teoria consistia, basicamente, em chegar no ouvido da mulher que pretendia conquistar e dizer aquelas que considerava as suas palavras mágicas.

Argumentava que as palavras em questão teriam um efeito impactante sobre toda e qualquer mulher, uma vez que criariam uma reação química capaz de deixá-lo irresistível.

Os amigos, claro, achavam tudo uma grande bobagem, sobretudo pelo fato de que as palavras mágicas eram "te quero".

Diziam para Carlos Alberto, aos risos, que ele levaria um tapa na cara na primeira vez que falasse isso para uma mulher.

Até que um dia, no auge da bebedeira, os amigos desafiaram Carlos Alberto a colocar em prática seu plano heterodoxo. Queriam provar para o amigo que o aludido plano só funcionava no plano teórico.

- Escolham qualquer mulher - disse Carlos Alberto. - Q-U-A-L-Q-U- E-R mulher!

Os amigos, prontamente, escolherem Mariana como alvo, uma colega de trabalho de Carlos inacreditavelmente linda e igualmente inalcançável.

Para surpresa de todos, Carlos Alberto topou o desafio, dizendo que no dia seguinte conquistaria sua colega somente com o auxílio de suas palavras mágicas.

No outro dia, já na parte da tarde, Carlos Alberto viu Mariana indo em direção ao elevador e julgou que aquela seria a oportunidade perfeita para colocar seu plano em ação.

Quando estavam apenas os dois dentro do elevador, preparou-se para o ataque.

Enfim, num movimento sorrateiro, recostou sua boca no ouvido esquerdo de Mariana e, com a voz mais aveludada possível, disse:

- Te quero...

Foi um "te quero" arrastado e libidinoso, o suficiente para que os pelos da nuca de Mariana ficassem arrepiados. 

Ela, porém, virou-se para trás assustada. Em seguida, gritou:

- Você está louco? Qual é o seu problema?

Carlos, ainda seguindo seu plano, apenas sorriu. Ato contínuo, lançou-lhe um olhar enigmático.

Sua bela colega de trabalho, contudo, como quem não entende nada, olhou incrédula para Carlos Alberto. E após ameaçar denunciá-lo ao chefe, saiu correndo do elevador.

À noite, quando contou aos amigos, todos, invariavelmente, caíram na gargalhada. Debocharam de Carlos Alberto e de seu plano nada infalível o máximo possível nas semanas que se sucederam ao ocorrido.

Cerca de oito semanas depois, no entanto, Carlos foi surpreendido com uma mensagem de Mariana, cujo conteúdo dizia: "Preciso falar contigo. Me encontre na cafeteria da esquina, agora".

Obediente, mas um tanto temeroso, dirigiu-se até o local programado. Lá chegando, deparou-se com sua colega aos prantos.

Mariana, sem meias palavras, disse a Carlos Alberto que, desde o evento do elevador, não conseguia pensar em outra coisa senão nele.

Disse-lhe, ainda, numa franqueza sem precedentes, que suas palavras haviam lhe despertado um sentimento transcendental. E que tudo que almejava naquele momento era deixar-se possuir por ele.

Carlos Alberto sorriu. Seu plano havia funcionado.

Dali, foram direto para o motel mais próximo e tiveram a tarde mais incrível de todas.

Carlos, claro, reuniu os amigos algumas horas depois para contar a novidade. Mas foi só terminar de relatar o que havia lhe acontecido algumas horas atrás para que todos caíssem na gargalhada. 

Ninguém acreditou que o plano do amigo havia funcionado de verdade. Ninguém.

- Conta outra, Carlos Alberto - diziam os amigos. - Conta outra...

Um comentário:

Marco disse...

kkkkk.... se fosse tão simples....