terça-feira, 3 de maio de 2011

A primeira vez que fui assaltado


Foto: groairas.com

Nunca esquecerei da primeira vez que fui assaltado.

Ainda morava em Porto Alegre/RS quando aconteceu e tinha uns oito ou dez anos à época.

Lembro-me como se fosse hoje. 

Estava andando de skate na calçada em frente à casa da minha avó. De forma incessante, ia de um lado para o outro. Coisa de criança.

Não sei ao certo, mas aquela tarde em específico parecia estar mais silenciosa que o habitual. Se depois da tempestade vem a calmaria, a recíproca tende a ser verdadeira.

Assim que dobrei a esquina (ainda em cima do skate), fui abordado por dois jovens que vinham em minha direção. Sem dizer uma única palavra, empurraram-me e saíram correndo com meu lindo skate sob os braços.

Uma verdadeira tragédia.

Chorando (homem também chora), voltei para a casa e coloquei minha avó a par do ocorrido. Esperando, é claro, aquele afago natural às avós.

Ela, no entanto, teve uma reação bem diferente do que esperava. Acreditem ou não, minha avó pegou um pedaço de pau e saiu comigo e com minha irmã (dois anos mais nova) atrás dos meliantes.

Foi engraçado, mas foi exatamente o que aconteceu.

- Vamos quebrar a cara desses maloqueiros! - dizia ela, enfurecida.

Minha avó, no auge da sua audácia, perguntava a todos os transeuntes se eles tinham visto dois jovens com um skate assim e assado sob os braços.

Dava para ver em seus olhos a raiva que a consumia. Ela os mataria se pudesse.

Pensando bem, aqueles caras tiveram sorte de não terem cruzado o caminho dela. Sem dúvida, eles tomariam uma lição daquelas! 

Por óbvio, meus pais ficaram enlouquecidos quando souberam da atitude pouco convencional tomada por minha avó. Afinal, seu comportamento foi um tanto arriscado.

Contudo, sempre que lembro do episódio, acho a maior graça.

Ademais, sinto que foi importante sentir-me protegido. Crianças precisam da figura do super-herói, ainda que este frite bolinhos-de-chuva nas horas vagas...

Se todas avós fossem assim, não tenho dúvida de que viveríamos em um mundo muito melhor. 

No mínimo, mais engraçado. Num mundo repleto de histórias para contar...

3 comentários:

MeL disse...

hahaha a vó é uma figura mesmo. Eu lembro que eu estava no banheiro quando tu chegou contando e ela saiu pela casa gritando achando que eles tinham me levado junto!
Adorei o post!

beijo

Rodolfo Pomini disse...

Eu nunca fui roubado. Graças a Deus. Mas já levei um baita empurrão quando andava de patins na praça aqui perto de casa, de um garoto mal encarado que também vinha se divertir - para ele -, machucando as crianças. Tive sorte de uma "companheiro" dele, ter me acudido antes de eu ir de encontro ao chão.

E teve mais outra vez que eu e meu irmão estávamos nos dirigindo até o mercado e levamos quase uma chuva de gomos de mexerica mascadas desse mesmo infeliz, acompanhado de um bando de muleques.

Na hora queríamos ter enforcado aquela peste. E ainda fico tentado a fazer alguma coisa, quando cruzo com ele pela rua montado num cavalo.

É só. ^^

Marina Barcelos disse...

Que vó fofa que vc tem rs.
Comigo não foi engraçado, um revolver na testa as 5 horas da tarde em uma rua MUITO movimentada e ninguém fez nada, eu sentei e chorei.
Pois é levaram meu celular novinho, e o pior na PORTA de casa.